quinta-feira, 3 de junho de 2010

Macbeth

Macbeth pode ser vista como uma peça sobre a ambição e o poder político. E tida também como forte representação da interioridade do homem que cobiça o poder. Essas afirmações se desenvolvem a partir do pensamento que o homem, continuamente busca isentar-se da culpa de seus defeitos; Macbeth é uma representação desse homem, que comete erros totalmente egoístas  e sofre as acusações de sua consciência e para fugir disso, aniquila todos o que o fazem pensar em seus erros, como se a destruição pudesse resgatar a si mesmo.
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“If it were done when ’tis done, then ‘t were well
It were done quickly: if the assassination
Could trammel up the consequence, and catch
With his surcease success; that but this blow
Might be the be-all and the end-all here,
But here, upon this bank and shoal of time,
We’d jump the life to come. But in these cases
We still have judgment here; that we but teach
Bloody instructions, which being taught, return
To plague the inventor: this even-handed justice
Commends the ingredients of our poisoned chalice
To our own lips.”

“I have lived long enough: my way of life
Is fall’n into the sere, the yellow leaf;
And that which should accompany old age,
As honor, love, obedience, troops of friends,
I must not look to have; but in their stead
Curses, not loud but deep, mouth-honor, breath,
Which the poor heart would fain deny, and dare not.”

Quatrocentos Anos desde a época em que a obra "Otelo" fora escrita, ainda temos elementos atualíssimos

Apesar de ser uma obra com mais de quatrocentos anos, sua temática continua sendo atualíssima, visto que questões étnicas, são colocadas em discussão todos os dias. Entretanto, se abordarmos a temática "ciúme, traição e vingança" podemos recorrer a outras obras literárias para comparar e até mesmo apontar diferenças comportamentais das personagens. Um bom exemplo disso, são obras posteriores a "Otelo" "Dom Casmurro" e  "O Primo Basílio". No primeiro, Bentinho por várias situações julga-se um "Otelo" visto que os indícios de traição e da inocência de Capitu são em número quase iguais. Na segunda, O Primo Basílio, temos uma representação maior das questões abordadas na obra em questão, a empregada Juliana, trabalha em seus planos de vingança e manipula a todos tão bem quanto Iago. Assuntos como esse, são abordados atualmente, quase diariamente, nas telenovelas, bem como em casos reais a que assistimos ou lemos em noticiários. Essa discussão é apenas um meio de analisar grandes clássicos da literatura confrontando-os ao cotidiano.

“Arte e Renascimento: Uma leitura de Boticcelli”





O Nascimento de Vênus é uma pintura de Sandro Botticelli, encomendada por Lorenzo di Pierfrancesco de Médici para a Villa Medicea di Castello. A obra está exposta na Galleria degli Uffizi, em Florença, na Itália. Consiste de têmpera sobre tela e mede 172,5 cm de altura por 278,5 cm de largura.
Apresenta-se de forma similar a antigas estátuas de mármore (cujo candor teria inspirado o escultor do século XVIII Antonio Canova), esguia e com longos membros e traços harmoniosos.

No quadro, a deusa clássica Vênus emerge das águas em uma concha, sendo empurrada para a margem pelos Ventos D'oeste, símbolos das paixões espirituais, e recebendo, de uma Hora (as Horas eram as deusas das estações), um manto bordado de flores. 

Alguns especialistas explicam que a deusa nua não representaria a paixão terrena, carnal, e sim a paixão espiritual.
 
O efeito causado pelo quadro, no entanto, foi de paganismo, afinal foi pintado numa época em que a maioria das produções artísticas abordavam temas católicos. Desse modo, chega a ser surpreendente que o quadro tenha escapado das fogueiras de Savonarola, que consumiram outras tantas obras de Botticelli que teriam "influências pagãs".

Foi exatamente isso que Botticelli teve de fazer ao pintar O nascimento de Vênus. Sujeitou seu conteúdo pagão-mitológico — a chegada de Vênus à Ilha de Citera —, extraído de fontes literárias antigas, a uma transformação radical, insuflando-lhe outro espírito e executando-o de modo que sua contemplação despertasse outros sentimentos e intuições, diferentes dos que despertava a arte antiga, cuja temática mitológica é própria, para que seu conteúdo expressasse a subjetividade e a interioridade exigidas pelo sistema pictural.


É por isso que cada pormenor de "O nascimento de Vênus" foi trabalhado de forma que a espiritualidade viva e presente refletissem esses elementos, os quais, nessa tela não são gratuitos. Todos comportam uma simbologia espiritual, a começar pelo agrupamento das personagens, seguido de seus desenhos, linhas, colorido etc. Outro recurso de que Botticelli se serviu para atingir essa adequação foi o da transformação das personagens mitológicas — Vênus, Zéfiro, Flora, Ninfa das Horas — e da cena retratada — Chegada de Vênus à Ilha de Citera, após seu nascimento — em fantásticas alegorias neoplatônicas. O nascimento de Vênus, que parece puro fruto da contemplação, reflete, na realidade, percursos intelectuais complexos, ligados à Academia Neoplatônica que se reunia regularmente, na Villa Coreggi dos Médicis, sob a direção de Marsílio Ficino (WUNDRAM, 1997, p. 37).

A anatomia da Vênus, assim como vários outros detalhes menores, não revela o estrito realismo clássico de Leonardo da Vinci ou Rafael. O pescoço é longo e o ombro esquerdo posiciona-se em ângulo anatomicamente improvável. Não se sabe se tais detalhes constituiram erros artísticos ou licença artística, mas não chegam a atrapalhar a beleza da obra, e alguns chegam a sugerir que seriam presságios do vindouro Maneirismo.