terça-feira, 13 de dezembro de 2011

“Qual a relação que mantêm entre si, no pensamento de Santo Agostinho, a busca filosófica da verdade e a conversão à verdadeira religião?”

Após se converter ao cristianismo, buscou se libertar dos traços maniqueístas e céticos que possuía antes de abraçar os ensinamentos cristãos. Na escolástica medieval, estudou sobre o problema das relações entre a Razão e a Fé; mesmo aprofundado na fé, buscou compreender o existencialismo da Razão, e antes do surgimento do cogito cartesiano, já evidenciava em seus estudos sobre o indivíduo que existe, vive, pensa e duvida.



A mentalidade agostiniana, em que a filosofia e a teologia andam juntas, compreende-se que interessam à filosofia também as obras teológicas e religiosas, especialmente: Da Verdadeira Religião, As Confissões, A Cidade de Deus, Da Trindade, Da Mentira.



Em relação à Platão, Santo Agostinho modificou a noção da teoria das idéias, intensificando que as substâncias da vida surgem de modelos imutáveis e eternos provindos de idéias divinas, e não num mundo a parte como a teoria das idéias que Platão defendia. No sentido religioso defendia que aquele que vive da fé não busca somente o temporal, mas sobretudo os bens eternos futuros.



Santo Agostinho considera a filosofia de Platão, praticamente como solucionadora do problema da vida. Sua busca central está portanto, no que se refere aos problemas de Deus e da alma, visto serem os mais importantes e os mais imediatos para a solução integral do problema da vida.Esta questão é profundamente estudada por Santo Agostinho, que o resolve, superando o ceticismo acadêmico mediante o iluminismo platônico. Inicialmente, ele conquista uma certeza: a certeza da própria existência espiritual; daí tira uma verdade superior, imutável, condição e origem de toda verdade particular. Embora desvalorizando, platonicamente, o conhecimento sensível em relação ao conhecimento intelectual, Santo Agostinho admite que os sentidos, como o intelecto, são fontes de conhecimento.Para ele, a visão sensível além do olho e da coisa, é necessária a luz física, do mesmo modo, para o conhecimento intelectual, seria necessária uma luz espiritual. Esta vem de Deus, é a Verdade Divina, para as quais são transferidas as ideias de Platão. Na verdade Divina existem as verdades eternas, as ideias, as espécies, os princípios formais das coisas, e são os modelos dos seres criados; e conhecemos as verdades eternas e as ideias das coisas reais por meio da luz intelectual a nós participada por Deus. Como se vê, é a transformação do inatismo, da reminiscência platônica, em sentido teísta e cristão.