terça-feira, 11 de agosto de 2009

Poveiro

Poveirinhos! meus velhos pescadores!
Na Agoa quizera com vocês morar:
Trazer o lindo gorro de trez cores,
Mestre da lancha Deixem-nos passar!

Far-me-ia outro, que os vossos interiores
De ha tantos tempos, devem já estar
Calafetados pelo breu das dores,
Como esses pongos em que andaes no mar!

Ó meu Pae, não ser eu dos poveirinhos!
Não seres tu, para eu o ser, poveiro,
Mail-Irmão do «Senhor de Mattozinhos»!

No alto mar, ás trovoadas, entre gritos,
Prometermos, si o barco fôri intieiro,
Nossa bela á Sinhora dos Afflictos!
António Nobre, recusa a elaboração convencional, oratória e elevada da linguagem,utiliza o tom de coloquial, sensível mais que reflexivo, cheio de ritmos livres e musicais, afetivo, oral.

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